"Nunca deixo de ter em mente que o simples fato de existir já é divertido."


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Que papo é esse?

Estava pensando sobre o amor. Esse tal amor de homem para mulher ou de mulher para homem. Pode ser também de mulher para mulher ou de homem para homem. Depende do gosto. No meu caso de mulher para homem e vice-versa, justamente isso que tava pensando. O que é mesmo esse amor, essa coisa que doe, que supera a razão, que nos tira do chão... oh amor, bendito seja o amor. Felizes são os que amam ou pelo menos que tiveram o previlégio de amar alguma vez na vida.

Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
Luíz Vaz de Camões

Eu já amei, já fui amada, já sofri, já senti todos os sentimentos que um amor pode proporcionar e produzir, os bons e os não tão bons assim. Muitos dizem que não se ama mais de uma vez, eu digo que sim. O primeiro amor quase que me consumiu, era um sentimento frenético, impaciente, impetuoso, arrebatador, descontrolado, fogoso, tenho inúmeros adjetivos para este amor e nem por isso deixer de amar e viver outros amores. Muitos acreditam que o primeiro amor é inesquecível, pode ser que seja, como qualquer outro amor. Seja qual for, seja o primeiro, o segundo ou terceiro, sempre será inesquecível.

- E por que não deu certo?

Isso me pergunto todos os dias, por mais que já tenha a resposta na ponta da língua. Na verdade é uma forma que minha mente tem de fazer lembrar meu coração que já amou e que pode amar. Em todos os amores correspondidos que vivi por destino ou não fomos levados a ter que escolher o Final Feliz ou a cansativa tentativa de que tudo iria mudar e sempre concluir que nada muda, que tudo continua como antes ou até pior. Por sorte sempre escolhi o FINAL FELIZ. E quando me faltava o valor de escolher em qual dos caminhos seguir, a vida me "empurrava" ao caminho onde se colhia a felicidade.

- Não entendi! Afinal, o final feliz não é quando o príncipe beija a princesa e vivem felizes para sempre?
- Quem disse que depois do beijo se vive "feliz para sempre"?
- Os contos de fadas.
- Ahhhh.... os contos de fadas?

Eu também acreditava nisso, achava que o homem da minha vida seria o primeiro que me apaixonei, que teriamos um casamento com uma super festa, que teriamos um casal de filhos, que teriamos uma casinha rosa com as janelas lilás, um jardim de tulipas com um pé de amora.

- Acorda lili!!!
- Tô acordada...

O que sei é que embora se ame e não seja amada a coisa é mesmo boa. O amor é o sentimento mais nobre que um homem pode sentir. É o começo, é o caminho. E quando se tem o amor correspondido ae então, nem se fala!

Infelizmente não existe a receita de como viver um amor,se fosse assim seria mais fácil, pelo menos pra mim.

-Sim? por quê?
- Porque tenho a receita em casa.

Mais não é. O amor é algo imprevisível e inopinado. Até mesmo os machões que dizem saber controlar os sentimentos podem cair por terra quando o amor bate na porta.

- Lili, porque todo esse papo de amor? Você esta amando?
- Não. Não estou amando. Estou plantando amor!

Viva o amor!!!

[ ]s
Eliana Guedes

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sexta-feira


Definitivamente não gosto de sexta-feira. Não tenho menor atração pelo sexto dia da semana como não tenho para o último dia do ano. Dá a sensação que está acabando, acabando algo, acabando tudo.
Sexta-feira me dá melancolia, me dá tristeza, me sinto carente. Sexta-feira deveria me sentir mais alegre. Começando por um belo café da manhã com bolo de milho, suco de laranja, pãozinho e requeijão. Um estupendo almoço com os companheiros de trabalho, deveria ser o melhor dia para se trabalhar, no final da tarde um Happy Hour com os amigos e terminar na cama abraçadinha... dormir de conchinha. Assim deveria ser minhas sextas-feiras.

[ ]s
Eliana Guedes

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

É o começo, meio ou fim?

Sabe quando tem a sensação que você está perdida e não sabe se olha para frente ou para trás, e independente para onde olha não encontra nada, parece que nada anda e por mais que você tente não consegue sair do lugar, exatamente assim que me senti na terca-feira e para ser sincera ainda sinto. Resumindo: uma batalha foi vencida mas a guerra continua. Preciso que algo muito bom aconteça comigo, preciso de algo para ter razão.

Como todos sabem os médicos decidiram que tenho que fazer radioterapia, fui ao Hospital preparada para fazer. Para começar, não era simplismente chegar, fazer e sair andando. Depois de uma longa espera na recepção passei pelo Dr. Velazque, não sei bem sua especialidade, creio que oncologista. Me examinou dos dedos dos pés a careca, leu todo meu histórico, fez várias perguntas e me disse que faria de 15 a 18 sessões de radioterapia. O quê? 15 a 18?????? Estava pensando que seria no máximo 3, a Dra Perez havia dito que seria tudo muito "sensillo". Tô perdida. Quando vou ficar livre disso? Nem preciso dizer que enquanto o médico dizia os detalhes da radioterapia minha mente não me deixava quieta com tantas perguntas.

A questão vai mais além, depois de passar no médico, passei em um enfermeira, tinha em suas mãos duas folhas com perguntas frente e verso, um verdadeiro questionário. Posso garantir que neste exato momento é a pessoa que mais me conhece. Me perguntou de tudo, desde do meu nascimento e não exatamente perguntas sobre meu histórico médico, mas sobre tudo. A entrevista durou uma hora e quinze.

Fui ao calvário, três perdidas e coitadas enfermeiras procurando nos meus finos e sofridos braços uma boa veia, depois de vinte cinco minutos angustiantes, muito sangue e quatro picadas conseguiram injetar o contraste, justamente naquela que mais doe, a do pulso. Fiz o exame de imagem e uma máscara. Máscara? sim... tipo aquela máscara que Leonardo Di Caprio usa no filme "O Homem da Máscara de Ferro" de Randall Wallace, identica, igual. Para que serve? É para usar em todas as sessões, dizem que é para impedir movimentos do rosto e pescoço possibilitanto que a radioterapia chegue exatamente onde deve chegar e também para diminuir a irradiação nas demais áreas. Que horror! Parecia uma refém sequestrada. Por fim, temos que esperar os resultados para começar as tantas e quantas sessões de radioterapia.

Sai do Hospital com vontade de chorar, de gritar! A lista do que pode e o que não pode é imensa e de assustar. Já chega que vou ficar com a cicatriz do catetér e agora mais essa, o que esperar da radioterapia? Mais uma vez tenho medo. Mais uma vez estou sendo covarde. Não pude chorar, não pude gritar. Nunca tente fazer isso pelas ruas de Madrid, a quantidade de pessoas que vão aproximar para ajudar é incalculável. E na verdade não tenho a menor intensão de causar, ainda mais que quando fico nervosa não consigo falar uma palavra em espanhol e ae vai ser uma verdadeira torre de babel. E na verdade o que dizer? Que estou assustada, que tenho medo, que quero um abraço?

De todas e qualquer forma vou ter que fazer, os médicos garantiram que é o melhor, tanto para cura como para evitar recaídas. Não vai ser fácil, sei que não. Sinto! Mas nada pode ser pior do que já passou, prefiro pensar assim, é a melhor forma que encontrei de me enganar e evitar sofrer antes do tempo. Só sei que tenho que ir... ir a frente "irme delante"!

[ ]s
Eliana Guedes

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Case una oración

Em mi destino hay muchas cosas que se me escapan, pero hay otras que sí están bajo mi juridicción. Hay una serie de billetes de lotería que puedo comprar, aumentando mis posibilidades de llegar a ser feliz. Puedo decidir cómo paso el tiempo, con quién me relaciono, con quién comparto mi vida, mi dinero, mi cuerpo y mi energía. Puedo seleccionar lo que como, leo y estudio. Puedo estabelecer cómo voy a reaccionar antes las circunstancias desfavorables de la vida; si voy a considerarlas maldiciones u oportunidades (y cuando no consiga ser optimista, porque esté pasando por un momento de bajón, puedo decidir intentar cambiar de actitud). Puedo elegir las palavras, que uso y el tono de voz que empleo para hablar con los demás. Y, por encima de todo, puedo elegir mis pensamientos.


[ ]s
Eliana Guedes

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A ordem é nada mais, nada menos do que COMEÇAR!

Tudo começou assim: Um amigo na sexta-feira me disse "que tenha o melhor fim de semana de sua vida". E foi, foi um fim de semana prolongado com feriado na segunda-feira. Foi um fim de semana de libertação fisíca, mental e espiritual.

Sexta pela manhã a Dr. Cristina Perez me ligou para dizer que os médicos decidiram que vou passar por algumas sessões de radioterapia e que se estivesse disponível poderia ir ao hospital para quitar o catetér, nem pensei, em um par de horas já estava deitada na maca para tirá-lo, estava nervosa e soando, confesso que de todas as dores foi a pior, sem anestésico ou qualquer relaxante a Dra. Cristina foi puxando uma mangueirinha de mais ou menos 30 centimentos que subia a veia do lado direito do meu pescoço, foi uma dor quase que insuportNvel, digo "quase" porque o dia que sentir a tal dor insuportável não voltarei para contar (rsrsrs). Apesar da dor ainda sorri ao perceber que estava ficando livre, me senti um pássaro quando sae da gaiola, uma pomba quando fica livre pelas mãos de um ativista. Perguntei o que iam fazer com o catetér, a médica disse que jogar fora, fiquei com dó, pensei: "o coitado não me abandonou em nenhum momento, não me decepcionou, não posso abandoná-lo agora" não tive dúvidas, pedi para levar a casa. A médica e a enfermeira sorriram, não acreditaram e eu não tinha dúvidas.

Confesso que me senti mais feliz ao tirar o catetér do que no dia que recebi a noticia que estava curada, embora benéfico era um aparato que me recordava todo o processo e a doença. Tirar o catetér foi como participar da caída do muro de Berlin, é sonhar acordada, é poder abrir o coração, lutar, sonhar, ter objetivos, poder dizer sim, poder dizer não. Definitivamente nasci de novo, nasci não para recomeçar mais para COMEÇAR!

Andei pelas ruas de Moncloa como se fosse a primeira vez, meu coração estava transformando, sentia que a cada passo deixava para trás as dores, o medo, o rancor, as desilusões e as decepções. Começava um "eu" novinho em folha... E agora o que iria fazer? Foi a primeira vez de três meses que senti fome. Agradeci a Deus, agradeci pela oportunidade, sei que ainda não terminou, que tenho que fazer radioterapia para garantir o resultado e evitar novas recaídas, mas não deixei de ser grata, de recordar que Deus me ama, que Deus me quer bem. Mesmo com fome não tive vontade de voltar a casa, não tinha que perder tempo, queria caminhar, queria ver gente, é como se todos estivessem ali pelo mesmo propósito "comemorar".

Foi sem dúvidas um fim de semana onde os bons sentimentos reinaram em meu coração e que tudo em minha volta parecia colaborar, tive a oportunidade de viver um momento que apesar da distância foi exatamente como desejava, esperei por mais de uma década, foi uma libertação do meu coração. Perdoava, me sentia perdoada! Foi mais um "momento único" daqueles que numa fracção de segundo mudam nossas vidas para sempre. Foi surpreendende!

Todo este fim de semana terminou na Plaza Mayor com a comemoração da festa da Patrona de Madrid e com um lindo baile de flamenco.



Acabou o fim de semana, mas não acabaram os motivos de comemorar, de agradecer e de viver. Viver singularmente cada momento. Viver intensamente!

[ ]s
Eliana Guedes

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Mais um capítulo...


Dois milhões... Exatamente Dois milhões de células. Acima das expectativas! Mais do que superado, conseguimos tirar da medula exatamente dois milhões de células em três dias, mais ou menos quinze horas.

Os médicos disseram que por vários motivos sou do tipo bem curiosa, que dá para virar estudo, vê se pode! me senti uma cobaia. Dizem que respondi muito bem ao tratamento, que tinha poucas queixas, que não chorei de dor para fazer a biópsia da medula, que consegui produzir mais células do que a maioria das pessoas, que até nos momentos mais difícies sorria e que quando tinha maus pensamentos contava piada (imaginem eu contando piada em espanhol). Por fim sou a brasileira mais famosa da hematologia do Hospital San Carlos. E fiquei mais famosa ainda quando disse que não apoiava a candidatura do Rio de Janeiro para as Olímpiadas e que estava torcendo para Madrid, mas a verdade é que se São Paulo fosse a candidata a minha opinião seria bem diferente.

A foto abaixo tirei ontem, dá para ter uma idéia de como é o processo para tirar as células, estou conectada com a máquina ao lado, o sangue sae e passa em todos esses botões negros e se separa as células que vão para a bolsa que tem um líquido vermelho que está pendurada do lado esquerdo e o sangue volta para meu corpo. Este processo do sangue sair e voltar aconteceram 3 vezes por sessão com a duração de quatro a cinco horas, a velocidade era controlada conforme a reação do meu corpo.




Hoje começei a rascunhar meu livro, até que enfim tomei coragem para começar, vou escrever sobre minha história, minha luta pela vida, minha busca infinita do amor, minhas conquistas, minhas perdas... vou escrever de tudo! Não quero que seja um livro de auto-ajuda, porque não acredito que tenha uma receita exata para resolver nossos problemas, mas que seja uma história real que existe a superação, mesmo quando não se acredita e as respostas e o caminho para seguir estão sempre dentro de nós mesmos. Basta escutar!

Hoje fui ao hospital na expectativa que voltaria a casa sem o catetér, infelizmente aqui estou e aqui está ele, que por sinal acabo de lembrar que ainda não coloquei heparina. A razão de ainda mantê-lo é que sou um objeto de estudo (lembram?), os médicos querem garantizar que não vai ter mais recaídas, portanto, estão estudando os próximos passos, a dúvida é: Fazer o transplante de medula ou algumas sessões de radioterapia. Minha opinião foi que fizessem as duas coisas, mas segundo eles só podem fazer uma. Até quarta feira saberemos os próximos passos.
O importante é que não tenho mais a doença, agora é um processo para eliminar possibilidades de futuras recaídas.

Força na careca, agora é a reta final:-)

[ ]s
Eliana Guedes

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vida... Vida... Vida!!!

O choro pode durar uma noite
mas alegria ela vem de manhã bem cedo.

"Ojalá"
pudera agora abraçar a todos que torceram por mim, que oraram, que choraram, que mandaram tantas energias positivas. "Ojalá" pudesse me transportar para perto dos meus avós. "Ojalá" pudera fazer algo como gratidão aos meus amigos, familia e as pessoas que seguem meu blog e a comunidade Eu faço/já fiz quimioterapia.

O que posso fazer é agradecer... agradecer e sempre agradecer! E mesmo assim não poderei agradecer o suficiente por tantas coisas boas que me transmitiram durante estes quatros últimos meses. Longe ou perto, todos foram fundamentais para que eu pudesse vencer esta etapa. Todos fazem parte desta vitória, podem contar, podem testemunhar, mas nunca esqueçam que todos nós somos protoganistas. OBRIGADA A TODOS, recebam um super beijo no coração.

Na segunda-feira fui fazer o PET/TAC, fiquei um tanto aflita, tiveram que repetir algumas vezes e muitas perguntas que me deixavam com pulga atrás da orelha, por fim passei todo o dia no hospital simplismente por um exame. Na quarta-feira voltei a minha médica hematológa Cristina Perez, a análise sanguínea mostrou que tudo está voltando ao normal. Na sexta feira por volta das 10h25 a Dra Perez me ligou para informar que o resultado do PET/TAC não tenho mais Linfoma de Hodkin. UAU!!! fiquei feliz, "tô feliz demais da conta!" Não pensei duas vezes, liguei para minha mãe que tava trabalhando e começei a disparar mensagens no meu messenger como uma "louca", isto porque não tinha ninguém on-line. E no fim da tarde liguei para meus avós, meu pai e minha querida amiga Dani.

Sexta-feira começei com as injeções de Filgrastim para motivar a produção de células, devo tomar duas por dia, até o final deste processo. Hoje começei a tirar as células, parece hemodiálise. Conectaram dois caninhos no catetér, um o sangue saía e passava na máquina que separava as células e voltava pelo outro. No início senti tontura e muito frio. Depois senti os lábios tremer e dormentes, segundo o médico faz parte do processo. Sai do hospital como uma bêbada, sabia que tinha que ir, mas as pernas não obedeciam, foi bem difícil chegar em casa. Este processo vai se repetir amanhã e quem sabe na quarta-feira. Hoje conseguiram sacar 350 mil células e temos que chegar a 1 milhão.

Não vejo a hora de me livrar do catetér. Quero voltar a dormir de qualquer jeito, quero parar de me preocupar se coloquei ou não heparina. Meus cabelos estão crescendo, a cor da pele já deu uma clareada bem significativa, ainda tenho algumas manchas que podem ou não desaparecer. Alguém conhece algum tipo de tratamento para manchas na pele por causa da quimioterapia?


Mais uma vez quero agradecer a todos:-)
Recebi muitas mensagens bonitas, de amigos, de parentes e de pessoas que nem pensei que soubessem. Obrigada a todos, Obrigada ao bom Deus que está no céu. Obrigada!!!

[ ]s
Eliana Guedes