"Nunca deixo de ter em mente que o simples fato de existir já é divertido."


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quando tudo termina!

Quero fazer um relato inédito, na verdade comentei uma vez com a minha médica, que contestou dizendo que seria um momento temporário e que tudo ficaria bem!

Primeiro vou fazer um breve resumo: Passei duas vezes pelo processo de tratamento para câncer. A primeira em 2001, estava me formando em farmácia, era um momento de muitas expectativas e como um abrir e fechar dos olhos descobri que tinha Doença de Hodkin, fiz o tratamento ao longo do ano de 2002. Muitas coisas deixei de fazer, mudei meus conceitos, crenças e objetivos. Fui e reagi como uma pessoa forte, enfrentei o problema de frente e nunca deixei desanimar, mesmo quando as notícias não eram animadoras. Quando terminei o tratamento o alívio foi geral, fiquei pra lá de feliz, foi pura festa. Mas de repente me deu uma coisa que não sei exatamente explicar, mas parecia uma depressão (ou era), como se tivesse uma carga muito grande de estress durante um tempo e ali era hora de descarregar! Passei um bom tempo assim, desanimada, frustada com as coisas que tinha deixado pela metade. Tudo voltou ao normal ou pelo menos penso que sim, meus objetivos e sonhos mudaram, realizei meus desejos, corri para fazer o que tinha vontade. Em 2008 resolvi ir mais longe, mudei de casa, de trabalho, de cidade, de país. Mas com 10 meses na Espanha tive uma recaída, a última das últimas coisas que pensei ter! Passei novamente por um longo ano de tratamento.


Fazem exatamente 6 meses que terminei o tratamento e novamente estou naquela fase de descarrego do estress (se é que isso existe). Muitas coisas perderam a graça, dou conta do quanto sou frágil e suceptível a uma nova recaída. Não sou do tipo pessimista, muito menos otimista. A doença e o processo de tratamento sem dúvida nenhuma, me faz ser muito mais racional. Nunca deixei de acreditar que o câncer tem cura, que valeu e vale a pena lutar pela minha vida. O que passa é que o tratamento e a doença me sobrecarregou, me transformou em uma pessoa super forte e quando tudo se resolveu começo a me sentir sem força.


Sou feliz, sou extremamente grata de ter tido o previlégio da cura, sei exatamente o valor de viver! Infelizmente é o processo de tratamento, sempre vai ter "o momento" em que é necessário aliviar. Necessito mostrar que não sou tão forte como todos pensam, tenho que chorar, tenho que gritar! O duro é quando as pessoas que estão ao redor não compreendem, creem que é uma ataque de loucura ou pensam que se trata de uma pessoa ingrata. Em quanto, na verdade o único que preciso é descarregar ou RECARREGAR minhas forças e as boas energias.

[ ]s
Eliana Guedes

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