"Nunca deixo de ter em mente que o simples fato de existir já é divertido."


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020


Já tem um tempo que venho ensaiando voltar a escrever, não que seja um momento ruim, tão pouco uma indicação médica, mais porque escrever é uma maneira de falar comigo mesma, de dizer algo que nem sempre consigo expressar. Mas sempre acontece algo, falta de tempo, de organização e prioridades. Foram tantas coisas nos últimos anos, que foi passando... passando. Não que eu tenha deixado de escrever, escrevi alguma coisas em pedaços de folhas de papel ou em bloco de notas do celular, que acabei perdendo por aí. Escrever sempre foi um escape da rotina, uma maneira de sentir menos o impacto do estresse e da vida tão metódica, escrever é transformar em palavras tantos sentimentos, tanta imaginação. É também uma maneira de ter um propósito e quem sabe resgatar algo que por muito tempo "era" meu maior objetivo. Não irei escrever sobre a dura rotina de uma paciente em fase de tratamento, graças a Deus isso é uma fase, que já passou!

Muitos anos se passaram desde a última postagem, voltei a atravessar o oceano, aprendi e reaprendi a recomeçar, sobrevivi a solidão do que é morar e estar só, troquei de emprego algumas vezes, fui demitida, aprendi a dirigir, descobrir o que é empreender, perdi, ganhei, casei, compramos e reformamos um apartamento (que desafio!).

Sem contar, claro, nas coisas que aconteceram no Brasil e no mundo: primeira mulher como "presidenta" do Brasil, casamento real, dívida na Europa, poluição, guerra do petróleo, novo papa, alto do dólar, Netflix, Instagram e Lula preso, morte de fortes lideres: Osama Bin Laden, Hugo Chávez e Fidel Castro, fúria da natureza: seca, chuva, tufão, terremoto e até neve no Brasil, crises no Brasil: greve dos caminhoneiros, apagões, eleições, reeleição, impeachment, Brasil eliminado da copa (pra não falar da vergonha do 7x0), Lava Jato, incêndio nas florestas, mais de 13 milhões de desempregados no Brasil, o quilo do tomate a 19,90 reais, intolerância no Brasil e no Mundo: racismo, caça a imigrantes, terrorismo, refugiado, ódio na internet e falta de liberdade de expressão, e assim, vimos 2020 chegar.
O tempo muda, transforma e dá voltas, ele só não muda o que somos, o que queremos e no que acreditamos. Não sei ao certo se acredito em destino, mas com certeza acredito no tempo.
Como diz o poema de Mario Quintana:
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo.
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
E o mais curioso é que este poema popularmente conhecido como "O Tempo" tem como título original "Seiscentos e Sessenta e Seis", foi publicado pela primeira vez na obra "Esconderijos do Tempo" em 1980, nem faz tanto tempo assim, não é mesmo?

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